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Fibromialgia - O que é, quais os sintomas e como afeta a qualidade de vida do indivíduo

Antigamente, as queixas relacionadas a dor generalizada e à indisposições mal definidas eram negligenciadas, além de muitas vezes serem consideradas “apenas” como conseqüência de problemas emocionais do indivíduo. Assim, a falta de informação e o preconceito elevavam o sofrimento de alguns indivíduos e não favoreciam o surgimento de estratégias terapêuticas para melhorar sua qualidade de vida. [1]

 Foi a partir da década de 80 que a fibromialgia começou a ser melhor investigada, sendo então construídos critérios diagnósticos que auxiliam na identificação dessa síndrome. 1

 Atualmente, o conceito de fibromialgia é definido por uma condição complexa e crônica que engloba dor musculoesquelética, fadiga, indisposição generalizada e transtornos do sono. A dor é intensa, presente por no mínimo três meses, e atinge os músculos, ligamentos e tendões, no mínimo em 11 dos 18 pontos padronizados. 1,  [2], [3]

Pesquisas internacionais apontam uma prevalência de 1 a 5% na população geral. Estudos realizados na população brasileira indicam uma prevalência de cerca de 10%, e ressaltam a influência de fatores socioeconômicos que possam justificar esse índice tão elevado. Cerca de 80% dos casos de fibromialgia corresponde às pacientes do sexo feminino. 1

 O termo fibromialgia vem de “fibro” (tecidos fibrosos, como tendões e ligamentos), “mi” (músculos) e “algia” (dor). Ao contrário da artrite, a fibromialgia não causa dor ou inchaço nas juntas, e sim a dor consiste nos tecidos que envolvem as juntas, a pele e outros órgãos pelo corpo.  

 Os sintomas mais comuns são: 1

 - dor generalizada pelo corpo por no mínimo três meses;

 - má qualidade do sono;

 - cansaço, perda de energia e diminuição da resistência a exercícios físicos;

 - cólon irritado (diarréia alternada com prisões de ventre) e outras disfunções intestinais;

 - formigamento e dormência nos braços, pernas, rosto e, sobretudo, nas mãos e nos pés;

 - depressão e ansiedade crônicas;

 - cefaléia (dor de cabeça);

 - sensação de inchaço nas articulações;

 - rigidez muscular.

 A depressão e a ansiedade são os quadros psicológicos mais frequentemente associados à fibromialgia. A dor é percebida como um sinal de alerta no corpo, mostrando que algo não está bem. O indivíduo quando experimenta esse sentimento, apresenta ansiedade, e todas as manifestações psicológicas e fisiológicas correspondentes. Nos quadros de dor crônica esse estado psíquico é intenso e acompanha o indivíduo por muitos anos, podendo inclusive gerar algum transtorno de ansiedade ou depressão. Há indícios de que essa situação se agrava de forma significativa quando o paciente se procura a diversos profissionais sem obter um diagnóstico preciso, o que ocorre em muitos casos de fibromialgia. [4]

 Essa síndrome também pode provocar mudanças importantes na vida social, afetiva e ocupacional dos indivíduos, uma vez que a interação social diminui, o trabalho é prejudicado, e aspectos cognitivos como a atenção e a motivação mostram-se reduzidos. Sob esse aspecto a fibromialgia coloca o paciente muito mais predisposto a um quadro de depressão. 5

 As emoções não são vistas apenas como conseqüências desse quadro de dor crônica, mas elas também podem servir como retro alimentação para a dor. Uma vez que o indivíduo com a síndrome apresenta esses fenômenos psíquicos e comportamentais, conseqüentemente ele tem sua qualidade de vida prejudicada, e vivencia apenas a dor em sua vida, não depositando suas energias em experiências mais positivas e gratificantes. 5

 Embora sua etiologia ainda não seja totalmente esclarecida, um grande número de pesquisas realizadas levantou hipóteses sobre as causas da fibromialgia. Algumas dessas pesquisas sustentam que o desenvolvimento da síndrome se dá sempre após a exposição de um indivíduo pré-disposto a algum tipo de trauma (por exemplo, acidentes ou doenças graves). Outros estudos sugerem que existe uma influência genética significativa que coloca as mulheres mais suscetíveis ao acometimento da síndrome. Pesquisas realizadas com técnicas de neuroimagem levantaram a hipótese de que a fibromialgia pode estar associada à falhas no equilíbrio dos neurotransmissores no sistema nervoso central, e não por problemas musculares nas áreas periféricas do corpo. Ainda sustentando essa última hipótese, um estudo mostrou que um neurotransmissor que sinaliza ao cérebro um foco de dor – existe em três vezes maior quantidade em pacientes com fibromialgia. 3

 O tratamento atualmente conhecido para fibromialgia permite que muitos dos sintomas sejam minimizados significativamente para melhorar a qualidade de vida do individuo. O tratamento deve ser multiprofissional, envolvendo: o educador físico, que vai orientar o paciente na prática de exercícios físicos de baixa intensidade e de alongamentos; o médico psiquiatra, capacitado a receitar medicamentos que favoreçam a qualidade do sono e o controle da depressão e da ansiedade; os analgésicos que aliviam a dor; e o psicólogo, cujo papel no tratamento é de suma importância no sentido de buscar mudanças na relação do indivíduo consigo mesmo e com seus sintomas.1

 Referências bibliográficas


 

 

[4] Angelotti G. Tratamento da dor crônica. Em: Range B. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Artmed Editora, 2001.

 

2006-04-18 00:00:00

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