É muito frequente encontrarmos na mídia artigos sobre depressão, geralmente enfatizando sua importância e a nomeando como “o mal do século XXI”. Exageros à parte, a depressão de fato é um problema se saúde muito frequente, acometendo cerca de 10% das pessoas ao longo da vida e sendo a 3a principal causa de perda de anos de vida saudável.
Falta a estes artigos, entretanto, explicar que a depressão é uma doença que tem tratamento com excelente resposta, na maior parte dos casos. Vamos tratar aqui dos principais tipos de tratamento para a forma mais prevalente de depressão, a chamada depressão unipolar ou transtorno depressivo maior.
Quais são os tipos de tratamento eficazes para a depressão?
Os principais tratamentos para depressão são a psicoterapia e o uso de medicamentos. Muitas vezes, a combinação de ambos leva a uma melhor eficácia para o tratamento dos sintomas, assim como para a prevenção de novos episódios de depressão.
Como é o tratamento com medicações?
As principais medicações utilizadas no tratamento da depressão são os antidepressivos, como a fluoxetina, escitalopram e venlafaxina, por exemplo. Tais medicações atuam regulando a sinalização de três neurotransmissores: serotonina (principalmente), noradrenalina e dopamina.
Geralmente, após iniciarmos o tratamento, pode-se notar uma redução expressiva dos sintomas ao término da segunda semana do uso do antidepressivo, em média. A partir daí, há em geral uma melhora gradativa, até uma recuperação completa ao término da 6a. a 8a. semana de tratamento. A maior parte dos estudos sugerem que a medicação deva ser mantida por cerca de 12 meses, sendo então descontinuada de forma gradativa.
Como é o tratamento com psicoterapia?
Existem muitas linhas de terapia já estudadas para o tratamento da depressão, porém a mais pesquisada e com eficácia claramente comprovada é a terapia cognitivo-comportamental (TCC). Em linhas gerais, auxilia o paciente a modificar pensamentos/crenças distorcidas com viés negativo sobre si e o mundo, assim como a estimular a mudança de comportamentos causados pela depressão, como isolamento social e abandono de atividades que proporcionem prazer. Para mais detalhes veja o artigo: O que é Terapia Cognitiva: http://www.plenamente.com.br/artigo.php?FhIdArtigo=168#.V02Kw5MrJE4
O que mais pode ajudar no tratamento?
Uma vida mais equilibrada, com redução de estresse, hábitos saudáveis e valorização de momentos de descanso/lazer também são adjuvantes do tratamento. Há diversos estudos demonstrando a eficácia da prática de atividade física para a redução de sintomas depressivos, destacando-se entre elas a ioga. Bom sono, boa alimentação, cessação do uso de substâncias psicoativas, também são cuidados que podem ajudar na recuperação.
Tratamentos novos e perspectivas futuras
Recentemente, novas formas de tratamento biológicos têm se mostrado eficazes e já foram aprovadas para uso clínico, como é o caso da estimulação magnética transcraniana (EMT) e a estimulação por corrente contínua (ETCC). Nestas formas de tratamento, estimula-se regiões cerebrais que são afetadas pela depressão, a partir de um campo eletromagnético ou corrente elétrica de baixa intensidade
Na última década, testes laboratoriais que avaliam características genéticas individuais têm se mostrado cada vez mais importantes para a condução de tratamentos médicos. No caso da depressão, já é possível realizar a genotipagem para sabermos qual a chance dos pacientes apresentarem reações adversas em doses convencionais ou a necessidade de doses maiores para obtermos uma resposta adequada para muitas das medicações disponíveis.
Também recentemente, o emprego de inteligência artificial para analisar exames de imagem cerebral (como a ressonância magnética de crânio) tem demonstrado que é possível prever qual paciente responderá melhor ao tratamento com medicações ou com psicoterapia, vide artigo Combinando Neuroimagem e Inteligência Artificial na Prática Clínica http://www.plenamente.com.br/artigo/214/combinando-neuroimagem-inteligencia-artificial-na-pratica.php#.V02LDZMrJE4. No entanto, ainda são necessários mais estudos para termos esta ferramenta na prática clínica.
Referências:
http://www.who.int/en/
https://www.psychiatry.org/
http://www.canmat.org/
2016-05-31 00:00:00