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A nostalgia nas festas de final de ano e os efeitos psicológicos das lembranças do passado. Silvia Ruschel, Maria Alice Fontes

Mês de dezembro, alguns de nós estão se sentindo mais sobrecarregados, ativos, com inúmeros eventos e compromissos de encerramento do ano e festividades, ou seja ?a mil por hora?. Aqueles que já vinham estressados podem, inclusive, sentirem-se mais cansados, debilitados fisicamente, pois estudos mostram que o estresse nas épocas de Natal e festividades como o final de ano, pode aumentar, conforme dados da Associação Internacional para o Gerenciamento do Estresse. Tal associação, a partir de uma pesquisa com mais de 500 pessoas, entre 25 e 55 anos, mostrou que os brasileiros vivenciam um aumento de até 75% em seu nível de estresse no período que antecede o Natal e Ano Novo.

Por outro lado, outros podem estar começando a refletir, pensar sobre o que se passou, as promessas feitas e não cumpridas, começam a fazer um balanço dos eventos e pessoas que passaram pelo ano de 2011 e mesmo anos atrás. Uma parcela dessas pessoas pode experimentar sentimentos de introspecção e vivenciar um período de nostalgia.

Segundo entrevista publicada no site da American Psychological Association com Krystine Batcho, PhD considerada uma expert em nostalgia, esse sentimento é particularmente proeminente por volta do período das Festas e podem ter um efeito psicológico nas pessoas, tanto bom quanto ruim.

As pessoas sentem-se mais nostálgicas porque muitas memórias são relembradas e as relações renovadas. Durante as festas de final de ano, famílias e amigos ficam juntos para celebrar e se conectar. Mesmo de longe, amigos e parentes podem reaver o contato através de ligações, emails, cartões e postagens em sites. As festas lembram-nos de tempos especiais e para alguns trazem de volta memórias da infância ou dos sentimentos livres da juventude, com menos preocupações e estresse que vem com a responsabilidade. Mais frequentemente, lembram-nos das pessoas que tiveram importantes papéis em nossas vidas e as atividades que compartilhamos com elas. Essas são algumas das razões de porquê as pessoas que estão longe de casa são especialmente propensas a sentirem-se nostálgicas e porque tantas pessoas viajam para estar com a família e amigos durante este período do ano.

Entretanto, não está claro, ainda, porque alguns indivíduos são mais propensos a nostalgia do que outros. As pesquisas sugerem, porém, que indivíduos mais nostálgicos tendem a sentir mais fortemente as emoções. Geralmente, pessoas nostálgicas não são mais alegres ou tristes do que as pessoas menos nostálgicas, elas apenas sentem as emoções mais intensamente.

Qual é o impacto das experiências da infância em relação à propensão a nostalgia? Algumas pesquisas mostram que indivíduos nostálgicos tem mais pensamentos positivos sobre o passado e lembranças mais positivas de quando eram crianças. Porém, eventos da infância por si só parecem ser menos relacionados à nostalgia do que como a criança se sentiu em relação aos mesmos, ou seja, não é o número de festas, presentes, prêmios, que importam, mas até que ponto a criança se sentiu feliz, orgulhosa ou amada. Assim, as Festas podem lembrar a algumas pessoas de experiências felizes da infância, mas podem também relembrar situações desagradáveis. Se as festas estão associadas com grande estresse, discórdias familiares ou infelicidades, o indivíduo pode evitar memórias doloridas, criando novas formas de tradição ou ritos de passagem.

Segundo Batcho, as pesquisas contemporâneas mostram que a nostalgia pode estar associada com benefícios psicológicos. Ajuda a pessoa a manter um senso de continuidade apesar do fluxo das constantes mudanças. Durante tempos difíceis, a atenção ao passado pode nos fortalecer ao lembrarmos de como sobrevivemos a desafios, perdas, brigas, falhas ou imprevistos negativos no passado. Nosso senso de quem somos está fortemente relacionado a como nos vemos em relação aos outros. Pesquisas apontam que a nostalgia pode fortalecer um senso de ligação social ajudando-nos a apreciar o que nós significamos para os outros assim como o que os outros significam para nós. As memórias nostálgicas, por exemplo, podem ajudar alguém que está longe de casa ou alguém que está em luto por um membro da família através das recordações, evidenciando que o vínculo que nós compartilhamos com aqueles que amamos sobrevive à separação física.

Por tudo isso, a equipe da Plenamente espera que você curta as lembranças positivas e sua nostalgia, elaborando e vencendo as lembranças negativas, que consiga equilibrar seu nível de estresse. Esperamos que você e seus familiares, de alguma forma, possam estar juntos para celebrar ou simplesmente acompanhar da forma mais saudável possível a passagem e a finalização de mais um ano! Tenha um ótimo período Festas.

Encontre a entrevista da Dra. Krystine Batcho publicada na íntegra em: http://www.apa.org/news/press/releases/2012/nostalgia.aspx.

2011-12-13 00:00:00

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