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Videogame: como torná-lo um aliado na educação dos nossos filhos. Alessandra de Camargo Costa, Maria Alice Fontes

O interesse sobre a influência do videogame na educação das crianças e seus efeitos no cérebro atinge cada vez mais pais, educadores, médicos e terapeutas. Alguns, adiam ao máximo a introdução deste “brinquedo” na vida de seus filhos, outros já possuem um antes mesmo de tirar as  fraldas. De qualquer forma, mais cedo ou mais tarde este novo elemento acaba por fazer parte da vida das crianças e jovens do mundo moderno. Pais e educadores que viveram em um cenário infantil bem diferente do atual ficam confusos sobre o uso deste brinquedo no dia-dia das crianças.


Inúmeras pesquisas ressaltam pontos favoráveis e desfavoráveis no uso do videogame e seus efeitos cognitivos, sociais e até emocionais. A informação a respeito desses efeitos ajuda os pais a usar o videogame como um aliado na educação de seus filhos. A idéia é compreender os efeitos positivos e negativos da mesma maneira que se faz com o uso da televisão, internet e outros recursos tecnológicos.

 

Quais podem ser os efeitos negativos do videogame?

 

  • Jogos violentos podem banalizar atos de brutalidade e gradualmente levar a um processo de dessensibilização do jovem, tornando-se indiferente ou menos sensível ao sofrimento alheio.  Após constante exposição às cenas de violência e morte, uma criança pode achar tais situações comuns e interpretar cenas violentas na vida real com um certo distanciamento, de forma até corriqueira;
  • Pesquisas mostram que games violentos podem provocar agressividade até 24 horas depois que o jogo foi usado;
  • Videogame pode causar dependência semelhante a das drogas. A dependência pode ser observada com um aumento da necessidade de jogar e a consequente perda do controle sobre o tempo em frente ao jogo. Atualmente já existem indivíduos que passam 24 horas jogando e apresentam sintomas de abstinência, como irritabilidade e ansiedade, quando são impedidos de jogar;
  • Gastar muito tempo na frente de uma tela restringe as oportunidades de vivenciar situações sociais. É no contato direto com os outros, face a face, que trocamos olhares, afetos e aprendemos a interpretar a linguagem corporal. A criança que passa muitas horas jogando terá menos interação com amigos e familiares, o que pode dificultar o desenvolvimento de suas habilidades sociais;
  • Crianças pequenas não diferenciam precisamente realidade e fantasia e aprendem muito por imitação. Desta maneira podem confundir o universo virtual dos jogos com a vida real.

 

Quais podem ser os efeitos positivos dos videogames?

 

  • O videogame pode ajudar a desenvolver funções psicológicas como a atenção, a percepção e a memória. Durante o jogo há uma seleção do foco de atenção, que é dirigida para os aspectos que o jogador selecionou como importantes, através da percepção ele seleciona as informações necessárias e usa sua memória para recordaras regras e estratégias para vencer a fase ou partida;
  • Jogar oferece desafios, através do desenvolvimento de estratégias para vencer a fase ou partida;
  • O videogame pode ser utilizado como um instrumento pedagógico na educação das crianças, pois aprende-se regras, sendo possível até treinar outros idiomas;
  • Videogame propicia o aprendizado através da meta cognição, ou seja, por meio do aprender, aprendendo. Quando se perde, existe um aprendizado natural com o erro e a busca de novas estratégias para melhorar o desempenho na próxima tentativa;
  • O videogame pode representar um instrumento de realização de desejos e fonte de prazer da criança, característica muito importante do brincar.

 

Os pais devem controlar o tempo que o filho joga?

 

Sim, o tempo que a criança ou o jovem passa na frente do jogo deve ser controlado. Devemos evitar que a atividade se transforme em um vício, chegando a causar a dependência. Devido ao processo de amadurecimento do cérebro, que só termina no final da adolescência, as crianças ainda não têm pleno controle sobre seus comportamentos, e as restrições devem partir dos pais e responsáveis. Até uma hora por dia o videogame pode ser estimulante, mais do que isso pode ser prejudicial, afetando não somente as trocas sociais, esportivas e o espaço para atividades criativas, como também gerando sintomas físicos como dores de cabeça, ardência nos olhos e principalmente insônia.

 

Como conciliar o uso do videogame no dia-dia dos nossos filhos?

 

O videogame, assim como a televisão e a internet, pode ser ao mesmo tempo enriquecedor ou prejudicial no desenvolvimento dos nossos filhos. A presença e participação dos pais neste universo é fundamental. É perfeitamente viável permitir este tipo de diversão e fonte de prazer na vida das crianças com bom senso e equilíbrio.

 

Os pais podem utilizar os jogos como aliados, permitindo que o filho jogue após ter realizado as suas tarefas escolares e cumprido a rotina doméstica. Não se deve permitir o uso indiscriminado. A retirada do jogo como punição é também bastante utilizada pelos pais, mas deve-se buscar estimular o filho através da disciplina positiva, ou seja, como forma de incentivo para que a criança primeiro “trabalhe” e depois tenha os méritos para ter o seu momento de prazer.

 

É fundamental conhecer com detalhes o conteúdo dos jogos e saber se são apropriados ou não para a idade. Os jogos mais violentos devem ser evitados especialmente para as crianças menores. Os adolescentes normalmente tem prazer com o desafio e a ação violenta, mas deve-se ter cuidado em não expor em demasia os jovens as ações sem consequências. Por exemplo, na maioria dos jogos violentos, mortos voltam a viver e ações são desfeitas em segundos, dando a idéia que o mundo pode ser manipulado sem nenhuma consequência negativa para o jogador.

 

Para finalizar os pais devem estar presentes para incentivar outras atividades lúdicas, simbólicas e educativas. Apenas desta maneira as potencialidades dos videogames podem ser aproveitadas sem causar efeitos negativos. Assim como as propagandas de bebidas alcoólicas preconizam, os jogos devem seguir a mesma recomendação: “Aprecie com moderação!”

 

 

Bibliografia:

A Ameaça dos Videogames Violentos. revista Super Interessante . Edição 141. Junho, 1999.

http://www.gazetadigital.com.br/conteudo/show/secao/60/materia/262369

http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com/2007/0909/a-influencia-dos-jogos-eletronicos-nas-criancas/

http://www.ufscar.br/rua/site/?p=3854

http://www.revistapontocom.org.br/edicoes-anteriores-artigo/a-escola-o-video-game-e-o-prazer

 

 

2011-07-15 00:00:00

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