A fase da adolescência é permeada de mudanças, com uma intensa vida social e afetiva, e também de alguns conflitos na esfera psicológica. Um dos mais importantes é o momento da escolha profissional, marcado como a transição para a vida adulta, na qual há uma maior exigência de autonomia.
Além disso, houve, nas últimas décadas, mudanças significativas no tocante à visão do trabalho e à variedade de profissões. No passado, havia poucas alternativas profissionais e o trabalho era visto unicamente como fonte de subsistência. Diferentemente, hoje os jovens se vêem diante de mais de 200 opções de carreira a seguir, e uma maior liberdade para escolher qualquer uma delas. O resultado da soma de múltiplos caminhos a seguir e da liberdade é a dúvida. Além disso, atualmente, o trabalho também é visto como uma importante fonte de satisfação pessoal, e não só como uma forma de sustento.
Em meio a tudo isso, há o adolescente, com suas dúvidas, conflitos e um grande medo de errar e não fazer uma escolha de sucesso. Para auxiliar os jovens nessa transição, existe a Orientação Vocacional (OV).
O que é a Orientação Vocacional?
A OV é um processo que auxilia o jovem a descobrir suas habilidades, competências, interesses, necessidades, expectativas e características de personalidade, a fim de auxiliá-lo na escolha profissional e na construção de um projeto de carreira.
Como é realizado o processo de OV? O que abrange?
A OV é realizada por um psicólogo, através da utilização de testes e análise psicológica. A OV é dividida em três etapas: na primeira, é explorado o autoconhecimento, e como o adolescente lida com situações de escolha e quais os fatores que determinam essas escolhas. Também é feito o levantamento de seus interesses profissionais. No segundo, é proposto ao jovem o conhecimento das profissões existentes e do mercado de trabalho, através da busca de informações tanto na mídia, como no contato com pessoas que exercem carreiras que lhe interessantes. Na terceira e última etapa, é feita uma junção dos dados obtidos nos dois primeiros momentos do processo, e discutido junto com o adolescente sobre a tomada de sua decisão.
Qual o papel do psicólogo na OV?
Ao explorar o autoconhecimento, e identificar suas características de personalidade, habilidades e interesses, o orientando terá uma base mais fidedigna para decidir sobre uma das profissões que conheceu na segunda etapa do processo. É importante ressaltar que o papel do psicólogo é de orientador, alguém que possui recursos técnicos para auxiliar o adolescente nessa busca, e não de alguém que decide qual profissão deverá ser escolhida. Em suma, é um processo breve de autoconhecimento, que aliado à busca de informações a respeito das profissões e do mercado de trabalho, proporciona ao adolescente a construção de sua identidade profissional.
A OV é suficiente para construir essa identidade profissional e ajudar o adolescente em sua escolha?
Em alguns casos, quando o jovem apresenta baixo auto-conhecimento e uma identidade muito empobrecida, é recomendável que, seguido da OV, o adolescente procure ajuda através de psicoterapia. Também há situações em que o medo de errar e decepcionar os pais é tão intenso, que o adolescente apresenta um quadro de ansiedade elevado, acreditando – erroneamente – que será “incompetente” ou “incapaz” se não fizer a escolha certa ou não passar no vestibular. Nesses casos, é de fundamental importância que o adolescente faça psicoterapia para trabalhar essas crenças disfuncionais e desenvolver uma estrutura emocional mais saudável, que lhe permita fazer escolhas com mais segurança, não só em relação à profissão, mas em todos os campos de sua vida.
Referências bibliográficas
BOHOSLAVSKY, Rodolfo. “Orientação Profissional: A Estratégia Clínica”. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
2010-06-14 00:00:00