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Déficit de Atenção em adultos. Maria Alice Fontes

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é bastante estudado na população infantil, e estima-se que 3 a 5 % das crianças sejam afetadas por esse quadro. No entanto, até bem pouco tempo atrás, acreditava-se que os sintomas do TDAH duravam até o final da adolescência e desapareciam na fase adulta. Embora muitos profissionais tenham dificuldade em diagnosticá-lo, sabe-se atualmente que o TDAH persiste, na maioria dos casos, pela vida toda, causando problemas importantes na vida da pessoa.

Os primeiros estudos sobre os sintomas desse transtorno em adultos foram feitos na década de 1970, e só em 1980 a Associação Americana de Psiquiatria falou sobre a possibilidade da persistência do quadro na fase adulta.

O que é TDAH?
O TDAH é o distúrbio do neurodesenvolvimento mais encontrado em crianças, e a maioria dos casos persiste até a fase adulta. Suas principais características são a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade, que se apresentam inicialmente na infância, e que se manifestam em diferentes contextos, provocando prejuízos funcionais na vida do indivíduo, como dificuldades acadêmicas e ocupacionais, problemas nas relações sociais e com a auto-estima.

Por que acreditava-se que o TDAH não existia em adultos?
Os sintomas do transtorno persitem por toda a vida, embora numa freqüência e intensidade menores. Essa diminuição dos sintomas levava os profissionais a acreditar que o TDAH era um quadro exclusivo da infância. Com o passar do tempo, todas as pessoas desenvolvem a capacidade de focar a atenção e a controlar suas funções psicomotoras. Mesmo quem tem TDAH é capaz de desenvolver essas habilidades; no entanto, essas pessoas não conseguem atingir um nível normal de atenção e controle dos impulsos. Também ocorre que o TDAH em adultos pode ser “mascarado” por outros problemas emocionais e de comportamento, como a depressão, a ansiedade e o abuso de drogas e álcool.

Quais são os sintomas?
Os mesmos sintomas descritos para crianças e adolescentes caracterizam o TDAH em adultos, só que em menor número. Para que o diagnóstico seja feito, os sintomas devem causam sofrimentos e prejuízos para a vida da pessoa. Em primeiro lugar, é preciso investigar se existia um quadro de TDAH já na infância. Pode ocorrer que a pessoa não se lembre, ou que não tenha um familiar que posso fornecer essas informações.

Existe uma dificuldade importante com a atenção, seja para focá-la ou sustentá-la em algum estímulo. Por exemplo, a pessoa fica “no mundo da lua” enquanto participa de uma reunião ou assiste a um filme. Essa desatenção leva a uma dificuldade de memória importante. Portadores de TDAH têm dificuldade em começar uma tarefa, precisam sempre de um “empurrão”, sentem-se estressados facilmente com tarefas de baixa complexidade, e têm dificuldade excessiva em organizar sua rotina, sendo desorganizados com seus pertences e com trabalhos mais burocráticos.

O controlar as emoções também é uma função complicada para os adultos que têm TDAH. Eles possuem baixa tolerância à frustração, ficando impacientes e irritados com facilidade. Explosões de raiva são comuns.

Quais são as conseqüências do TDAH na vida de um adulto?
Os sintomas do TDAH acarretam problemas importantes para a vida da pessoa, causando-lhe importantes sofrimentos. O trabalho e as relações sociais e afetivas são prejudicadas. A desorganização e a desatenção levam o indivíduo a ter fama de “atrapalhado”; ele tem dificuldade em estabelecer prioridades, sua mesa é repleta de papéis e materiais desorganizados, seus trabalhos nunca são entregues no prazo, há mudanças de emprego constantes.

No tocante às relações humanas, o TDAH pode levar o indivíduo a uma exclusão social. A dificuldade em atentar-se para datas importantes, de lembrar sobre tarefas a cumprir dentro de casa ou pequenos pedidos, a impulsividade em decidir algo sem consultar o outro e sem pesar os prós e os contras dessa decisão, e o desconforto constante causado pela inquietação, são situações que prejudicam a interação social do sujeito. Os demais não compreendem essas dificuldades, acabam se afastando, e o portador de TDAH muitas vezes é isolado do grupo.

Todo esse sofrimento – acumulado desde a infância – causa no portador de TDAH conseqüências como a auto-imagem negativa, ansiedade, depressão ou até mesmo abuso de drogas.

De que forma a pessoa pode se tratar?
Antes de tudo, é necessário fazer uma avaliação criteriosa, a fim de descartar outros diagnósticos, uma vez que muitos sintomas do TDAH também são encontrados em outros transtornos, por exemplo, na ansiedade, que torna a pessoa inquieta. O tratamento inclui medicamentos e psicoterapia. A terapia medicamentosa envolve drogas estimulantes, como o metilfenidato, necessária para diminuir a desatenção e controlar a hiperatividade. A psicoterapia é fundamental para ajudar o indivíduo a controlar os sintomas, além de contribuir para o restauro de sua auto-percepção e auto-estima.

Para saber mais sobre TDAH, acesse: http://www.plenamente.com.br/diagnosticos5.htm

Referências bibliográficas

Mattos P. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial, 2005.

http://www.nimh.nih.gov
http://www.tdah.org.br

 

Agradecemos a colaboração da psicóloga Selma Boer na elaboração do texto.

2008-01-08 00:00:00

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