Em toda a história da humanidade a exposição ao trauma, como guerras, desastres naturais ou violência interpessoal (assaltos, seqüestros, abusos físico e sexual), levou o homem a desenvolver conseqüências psicológicas. [1] Embora essas reações ao trauma sejam reconhecidas há muitos séculos, foi apenas em 1980 que o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) foi incluído na terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III). [2], [3]
Atualmente a população brasileira, principalmente os moradores dos grandes centros, convive com um alto índice de violência urbana, e a partir dessa exposição, encontra-se mais suscetível a desenvolver um quadro de TEPT.
Para se ter uma idéia, de acordo com os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, somente no primeiro trimestre de 2005 foram registrados na capital: 783 homicídios dolosos (com intenção de matar), 28 latrocínios (roubo seguido de morte), 26.780 roubos (incluindo assalto a mão armada, seqüestros-relâmpago, etc), 9.890 roubos de veículos, e 28 seqüestros em todo o Estado de São Paulo.[4]
Mais importantes do que os prejuízos materiais encontram-se os danos emocionais decorrentes desses eventos, e que muitas vezes não são considerados adequadamente. 2
O TEPT é entendido como uma perturbação psíquica decorrente de um evento traumatizante (ameaça à integridade física do próprio individuo ou sendo esse apenas uma testemunha do fato). A perturbação psíquica compreende um tipo de recordação – ou revivescência – do trauma, sob a forma de lembranças intrusas, pesadelos, afastamento de outras pessoas, medo e evitação de situações que relembrem o evento traumático. [5], [6]
Embora não seja conhecido por boa parte da população, o TEPT é um transtorno que ocorre com bastante freqüência entre os indivíduos. 5 A falta de informação sobre esse transtorno pode estar impedindo a população de procurar orientação e tratamento adequados. [7]
A característica fundamental do TEPT – e que o diferencia dos demais transtornos de ansiedade – é que ele é decorrente de um acontecimento psicologicamente doloroso, que está fora da faixa habitual de experiência humana. O estressor que provocou esta síndrome seria acentuadamente doloroso para qualquer, e é habitualmente vivenciado com medo intenso e desamparo.
A estrutura mental do ser humano tem capacidade para lidar com as situações estressantes. Contudo, existem limites a partir dos quais o funcionamento psíquico fica perturbado, quando por exemplo, os mecanismos de enfrentamento são frágeis ou quando os estressores são fortes demais. 5 Além disso, a predisposição genética – necessária para o desenvolvimento de qualquer quadro patológico – e/ou vivências traumáticas prévias, contribuem para uma maior suscetibilidade do sujeito a desenvolver sintomas de TEPT. 2, 3, 5
A prevalência de TEPT na população é de 3,6%. Não existe um grupo de risco específico, uma vez que qualquer individuo pode desenvolver o TEPT, independente da faixa etária e classe social a qual pertence. 5
Embora alguns estudos recentes mostrem taxas altas de TEPT decorrentes de violência interpessoal, em algumas regiões ele é mais comum após catástrofes naturais, como terremotos, furacões, acidentes e guerras. No entanto, os dados sobre seqüelas psicológicas das catástrofes naturais e acidentes revelam que a remissão desses sintomas ocorre num tempo menor do que nos casos de TEPT decorrentes de violência interpessoal. 2
O diagnóstico de TEPT só e feito se os sintomas persistirem por no mínimo um mês. Alguns sintomas somáticos não compõem o diagnóstico, embora possam ser apresentados por algumas pessoas com o transtorno, como dores de cabeça, problemas gastrintestinais, diminuição da resistência imunológica, tonturas, ou dores no peito. 5
Para maiores informações sobre o quadro sintomatológico do TEPT, acesse o link http://www.plenamente.com.br/diagnosticos2.htm#5
Referências bibliográficas
[1] Rangé B, Masci C. Transtorno de estresse pós-traumático. Em: B. Rangé, Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artes Médica, 2001.
[2] http://sites.uol.com.br/gballone/voce/postrauma.html
[3] http://www.neuropsiconews.org.br/16_npn/16_indice.htm
[4] http://www.ssp.sp.gov.br/estatisticas/
[7] http://www.psicosite.com.br/tex/ans/tept002.htm
2005-06-13 14:43:36