Quando somos solicitados a fazer uma tarefa que consuma tempo no futuro como, por exemplo, revisar um artigo, participar de uma reunião ou ajudar uma instituição de caridade, a maioria das pessoas pensa: “hoje estou muito ocupado, mas no próximo mês estarei mais livre". O psicólogo John Lynch, PhD da Duke University na Universidade da Carolina do Norte, diz: “este é um erro fatal”.
Os pesquisadores encontraram evidências que a maioria das pessoas é vítima deste tipo de pensamento. Isto parece estar associado com a famosa tendência de “jogar pra frente” o problema. A pesquisa aponta que este comportamento é também observado na esfera financeira, ou seja, há uma inclinação para se incorrer em um custo maior no futuro em detrimento de um desconto à vista.
A pesquisa foi resultado da entrevista de 95 estudantes de graduação, que eram solicitados a avaliar suas atividades e o tempo disponível naquele dia e no mês seguinte e, então, decidir qual dia teriam mais tempo. A média de respostas dos entrevistados foi 8,2 em uma escala de 1 a 10, onde o escore (1) seria ter muito mais tempo hoje e (10) ter muito mais tempo no mês que vem.
Em um segundo momento, os pesquisadores solicitaram que os estudantes pensassem nas suas despesas e na quantidade de dinheiro disponível naquele dia e um mês para frente. Os entrevistados se apresentaram mais inclinados a acreditar que o dinheiro estaria mais abundante no mês seguinte do que imaginavam em relação ao tempo. Os autores levantaram a hipótese que estes resultados se deveram ao fato do dinheiro ser mais consumível do que o tempo e que algumas pessoas controlam seu dinheiro, usam cartões de crédito ou até economizam para futuras eventualidades.
Em outro experimento, os pesquisadores solicitaram a diversas pessoas ajuda para duas instituições de caridade, uma pedindo ajuda para o dia seguinte, e a outra num prazo de duas semanas. As instituições solicitavam dinheiro (15 ou 20 dólares) ou tempo (uma a duas horas de dedicação). Zauberman e Lynch encontraram que em geral as pessoas eram mais propensas a ajudar as instituições que solicitavam ajuda para o futuro e, isto era particularmente verdadeiro, quando se tratava de tempo e não de dinheiro. Entretanto, a pequena minoria de pessoas que acreditavam que teriam mais dinheiro do que tempo no futuro, exibia um padrão oposto de resposta.
Para o próximo estudo, Lynch e Zauberman estão planejando um experimento que possa avaliar tempo e dinheiro de forma equivalentemente consumível para verificar como será o comportamento de “adiar descontos” do tempo em relação ao dinheiro.
Este texto foi traduzido e adaptado pela Plenamente do site http://www.apa.org/monitor/feb05/freetime.html
2005-02-18 00:00:00